Meu encontro com Winnicott: a delicadeza dos pequenos gestos
2 setembro, 2025
O que me aproxima de Winnicott não é apenas sua teoria, mas a forma como ele olhava para a vida.
Ele não escrevia sobre conceitos distantes, mas sobre relações vivas.
Sobre o bebê que só pode existir em contato.
Sobre o gesto simples de um cuidado que sustenta.
Sobre a possibilidade de sermos nós mesmos, quando alguém nos oferece presença.
Ao ler Winnicott, encontro descrições de cenas cotidianas que transformam a clínica em poesia. Ele me ensina a prestar atenção aos pequenos detalhes... um silêncio, um olhar, um respiro... um movimento mínimo. É aí que a vida se revela e que o encontro acontece.
Na minha clínica, sinto Winnicott como um lembrete constante de que não há fórmulas prontas. Cada pessoa traz sua história, e com ela a necessidade de um cuidado próprio. É nesse espaço, entre mim e o outro, que algo novo pode nascer, sem pressa, sem exigência, no tempo de cada um.
Alguns dos pensamentos que me acompanham de Winnicott:
A importância do ambiente, que sustenta o bebê e lhe dá condições de crescer de forma saudável.
A transicionalidade e o brincar, esse lugar intermediário entre o dentro e o fora, onde a criança cria e simboliza, e que também na vida adulta nos permite sonhar e reinventar.
A personalização, quando a psique encontra morada no corpo, enraizando o ser em si mesmo.
A noção de falso self e verdadeiro self, mostrando como às vezes nos protegemos com máscaras, mas também como podemos reencontrar o caminho de volta à espontaneidade.
A função do analista como presença: não apenas interpretando, mas oferecendo um espaço confiável, onde o sujeito pode existir como é.
Winnicott me lembra, todos os dias, que a psicanálise é, antes de tudo, encontro.
Um encontro que se faz no cuidado, na escuta e nos pequenos gestos... e que abre caminho para que cada pessoa reencontre aquilo que pulsa como mais verdadeiro dentro de si.